Vim coabitar com os homens
E tentei ser humana.
Em alguns, surpreendi a maldade
Piores que os maus, os imbecis
Não descansam, nem deixam descansar
E tenho lutado para não ficar indignada.
Há um instante em que não tenho mais nome,
Sou todos, também os que calaram.
Animais, plantas, flores são palavras.
E se clareiam em nós, seguem adiante.
Forte, imbatível a palavra, com ressurreições
Nos ossos da alma.
Com o Bem sou poliglota e renasço todos
Os dias, recoberta de eternidade,
Que são as peles das manhãs.
(CARLOS NEJAR)
sábado, 27 de outubro de 2007
ALBERTO CAEIRO
Quando tornar a vir a primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de julgar
Que a primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera seu único amigo.
Mas a primavera nem sequer é uma coisa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam,
Ou as folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete,
Porque tudo é real.
(ALBERTO CAEIRO)
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de julgar
Que a primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera seu único amigo.
Mas a primavera nem sequer é uma coisa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam,
Ou as folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete,
Porque tudo é real.
(ALBERTO CAEIRO)
DANTE
Num coração nobre o amor sempre se abriga
como faz o pássaro na floresta sob os ramos,
E a natureza não criou o amor antes do
coração, nem o coração antes dele.
Desde que o sol apareceu, no mesmo
instante resplandeceu a luz,
que não foi a primeira.
O amor escolheu a nobreza
como habitação, assim como
o calor habita a luz do fogo.
(DANTE)
como faz o pássaro na floresta sob os ramos,
E a natureza não criou o amor antes do
coração, nem o coração antes dele.
Desde que o sol apareceu, no mesmo
instante resplandeceu a luz,
que não foi a primeira.
O amor escolheu a nobreza
como habitação, assim como
o calor habita a luz do fogo.
(DANTE)
MANUEL BANDEIRA
Se queres sentir a felicidade de amar,
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode
encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo estender-se
com outro corpo.
Porque os corpos se estendem,
mas as almas não.
(MANUEL BANDEIRA)
esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode
encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo estender-se
com outro corpo.
Porque os corpos se estendem,
mas as almas não.
(MANUEL BANDEIRA)
RENOIR
Para Renoir pintar era sinônimo de divertir-se... " para mim, um
quadro deve ser alegre e belo... já existem muitas coisas
desagradáveis na vida; pra que inventarmos mais?"
Apesar de enfrentar a doença e a pobreza e ter sua obra
rejeitada, seu trabalho não reflete angústias. Pintou quase
mil telas e é considerado o pintor da mulher; criou um tipo
original de mulher: a parisiense esbelta, risonha, vestida com
graça e um pouco ingênua.
" Gostaria que um vermelho soasse como a badalada de
sino. Se não fui capaz de fazer isso na primeira vez, ponho
mais vermelho e outras cores até tornar possível. Não sigo
regras nem métodos."
quadro deve ser alegre e belo... já existem muitas coisas
desagradáveis na vida; pra que inventarmos mais?"
Apesar de enfrentar a doença e a pobreza e ter sua obra
rejeitada, seu trabalho não reflete angústias. Pintou quase
mil telas e é considerado o pintor da mulher; criou um tipo
original de mulher: a parisiense esbelta, risonha, vestida com
graça e um pouco ingênua.
" Gostaria que um vermelho soasse como a badalada de
sino. Se não fui capaz de fazer isso na primeira vez, ponho
mais vermelho e outras cores até tornar possível. Não sigo
regras nem métodos."
INSATISFAÇÕES
O ritmo normal da vida oscila entre uma leve
satisfação pessoal e um ligeiro desconforto,
que vem do conhecimento das nossas
fraquezas. Gostaríamos de ser tão bonitos,
jovens, fortes ou espertos como outras
pessoas. Estar contente consigo mesmo é
a exceção e, com frequência é uma cortina
de fumaça que criamos para nós mesmos e,
é claro, para os outros. Em algum ponto desta
cortina de fumaça existe um persistente
sentido de desconforto com nós mesmos e
um leve não-gostar de si próprio. Uma
intensidade maior deste sentimento de
insatisfação deixa a pessoa vulnerável e carente.
Esta intranquilidade pode ser inconsciente, mas
há momentos em que ela se torna consciente
na forma de inquietação ou uma estagnante
tristeza, um sentir-se incomodado sem
saber bem o por quê...
(YEDRA)
satisfação pessoal e um ligeiro desconforto,
que vem do conhecimento das nossas
fraquezas. Gostaríamos de ser tão bonitos,
jovens, fortes ou espertos como outras
pessoas. Estar contente consigo mesmo é
a exceção e, com frequência é uma cortina
de fumaça que criamos para nós mesmos e,
é claro, para os outros. Em algum ponto desta
cortina de fumaça existe um persistente
sentido de desconforto com nós mesmos e
um leve não-gostar de si próprio. Uma
intensidade maior deste sentimento de
insatisfação deixa a pessoa vulnerável e carente.
Esta intranquilidade pode ser inconsciente, mas
há momentos em que ela se torna consciente
na forma de inquietação ou uma estagnante
tristeza, um sentir-se incomodado sem
saber bem o por quê...
(YEDRA)
CARLOS NEJAR
Vai ser assim a morte: uma pedra que nos toca
e pronto. Simples desequilíbrio no organismo da
vida. E já nos vemos do outro lado. Somos despertos
e após, de luz em luz, estaremos sonhando?
Sim, nos apegamos cada vez mais às pequenas
coisas: a rosa, o orvalho. Porque sentimos a terra
e ela nos sente. E ao vincular-nos às pequenas
coisas, descobrimos quanto são fiéis e
prodigiosas. E nos tornam aptos para, depois
da morte, estarmos com as coisas
estupendamente grandes...
Carlos Nejar
e pronto. Simples desequilíbrio no organismo da
vida. E já nos vemos do outro lado. Somos despertos
e após, de luz em luz, estaremos sonhando?
Sim, nos apegamos cada vez mais às pequenas
coisas: a rosa, o orvalho. Porque sentimos a terra
e ela nos sente. E ao vincular-nos às pequenas
coisas, descobrimos quanto são fiéis e
prodigiosas. E nos tornam aptos para, depois
da morte, estarmos com as coisas
estupendamente grandes...
Carlos Nejar
FERREIRA GULLAR
(...) Às vezes o sonho vem, baixa das nuvens em fogo
e pousa aos teus pés um candelabro cintilante.
Mas a paixão dura quanto tempo? Não importa.
O verdadeiro amor é suicida. O fundamental é saber
que ele acaba. O amor, para atingir a entrega total,
deve estar condenado - é a consciência da
precariedade do amor que possibilita mergulhar
de corpo e alma, vivê-lo enquanto morre e morrê-lo
enquanto vive. E é necessário que acabe como começou,
de golpe, entre soluços. E enxugados os olhos, aberta
a janela lá estão as mesmas nuvens rolando lentas
e sem barulho pelo céu deserto de anjos...
FERREIRA GULLAR
e pousa aos teus pés um candelabro cintilante.
Mas a paixão dura quanto tempo? Não importa.
O verdadeiro amor é suicida. O fundamental é saber
que ele acaba. O amor, para atingir a entrega total,
deve estar condenado - é a consciência da
precariedade do amor que possibilita mergulhar
de corpo e alma, vivê-lo enquanto morre e morrê-lo
enquanto vive. E é necessário que acabe como começou,
de golpe, entre soluços. E enxugados os olhos, aberta
a janela lá estão as mesmas nuvens rolando lentas
e sem barulho pelo céu deserto de anjos...
FERREIRA GULLAR
THOMAS CARLYLE
Que circunstância é vital e deve ficar destacada;
o que é essencial, digno de ser suprimido, onde
está o verdadeiro começo, a verdadeira sequência
e o fim. Para vislumbrar tudo isto, é preciso que o
homem use toda a força de visão que há nele.
Ele tem que compreender o que vê; e a justeza
da sua resposta será de acordo com a profundeza
da sua compreensão. É assim que o poreis à prova.
(THOMAS CARLYLE)
o que é essencial, digno de ser suprimido, onde
está o verdadeiro começo, a verdadeira sequência
e o fim. Para vislumbrar tudo isto, é preciso que o
homem use toda a força de visão que há nele.
Ele tem que compreender o que vê; e a justeza
da sua resposta será de acordo com a profundeza
da sua compreensão. É assim que o poreis à prova.
(THOMAS CARLYLE)
Assinar:
Postagens (Atom)