Ser intelectual e fazer parte dos intelectuais são duas coisas
que simultaneamente se identificam e opõem. Há um
determinismo de coletividade; assim, os gafanhotos isolados
são insetos amáveis, cada um devotado aos seus pequenos
assuntos, tendo cada um o seu comportamento. Mas a partir
de uma certa densidade, de resto demasiado fraca, tornam-se
uma turba onde as individualidades desaparecem, perdem a
sua cor esverdeada em troca de um uniforme e padronizado
amarelo-acinzentado, adquirem um comportamento estereotipado
e transformam-se em impiedosos devoradores, destruindo tudo
o que for obstáculo ao seu ímpeto. Da mesma forma, os intelectuais
são, isoladamente, simpáticos indivíduos, cada um dedicado à
sua obra, mas a sua reunião em sociedade faz deles monstros.
Edgar Morin - Os Meus Demônios
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