Fazer surrealismo não é levar o surreal para o real,
onde ele vai criar bolor e dormir, amontoar-se e depositar-se
nas vidraças bem ajustadas dos livros, mas elevar
materialmente o real até esse ponto em que a alma deve brotar
dentro do corpo e não parar de amotinar o corpo.
— É aquilo que o mundo ainda não conheceu e o surrealismo
não pôde fazer, porque a alma do homem atual é prisioneira de
um mau corpo que lhe proíbe toda a poesia e a força a viver
sob o irremissível pelourinho das leis, sejam de exército,
de policia, de igreja, de justiça ou de administração.
E são principalmente a igreja.
ANTONIN ARTAUD
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