As flores não têm porquês; florescem porque florescem.
Pensei que seria bom se também nós fôssemos como as plantas,
que nossas ações fossem um puro transbordar de vitalidade,
uma pura explosão de beleza que cresceu por dentro e não mais
pode ser guardada. Sem razões, por puro prazer. Mas as coisas
do mundo me dizem que não vivo no Paraíso, que não tenho o
direito de viver pelo prazer. Há deveres que me esperam, embora
eles me levem para bem longe da minha felicidade.
Pois dever é isto: aquela voz que me obriga a fazer o que não quero.
Sò podemos ser felizes quando formos como os ipês;
quando florescermos porque florescemos; quando ninguém
ordenar o que fazer, e o que fazemos é aquilo que a alma pede.
Uma pessoa boa, responsável, não é justamente esta que se
esquece dos seus desejos e obedece os desejos dos outros?
RUBEM ALVES
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