HERA E ZEUS

JOHN DELVILLE

segunda-feira, 31 de março de 2008

RUBEM ALVES

As flores não têm porquês; florescem porque florescem.

Pensei que seria bom se também nós fôssemos como as plantas,

que nossas ações fossem um puro transbordar de vitalidade,

uma pura explosão de beleza que cresceu por dentro e não mais

pode ser guardada. Sem razões, por puro prazer. Mas as coisas

do mundo me dizem que não vivo no Paraíso, que não tenho o

direito de viver pelo prazer. Há deveres que me esperam, embora

eles me levem para bem longe da minha felicidade.

Pois dever é isto: aquela voz que me obriga a fazer o que não quero.

Sò podemos ser felizes quando formos como os ipês;

quando florescermos porque florescemos; quando ninguém

ordenar o que fazer, e o que fazemos é aquilo que a alma pede.

Uma pessoa boa, responsável, não é justamente esta que se

esquece dos seus desejos e obedece os desejos dos outros?


RUBEM ALVES

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