HERA E ZEUS

JOHN DELVILLE

segunda-feira, 31 de março de 2008

JOSÉ EMÍLIO PACHECO

Letras, incisões na arena, na transpiração.

Signos que desaparecerão na água ou no vento.

Símbolos estupidamente aferrados à hora,

Que se cumpre dentro de mim, ao silêncio.

Para que fender esta remota solidão das coisas?

Por que enchê-las de súplicas, de traços, de invocações?

Porque é um modo de reduzir o espaço, a origem;

De iluminar, mediante o pobre protesto,

A vida sombra que se filtra sobre o instante.

Porque assim as muralhas desse cárcere,

Que eu mesmo erigi, não prevalecerão

Contra meu nada.


(José Emílio Pacheco - poeta mexicano)

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