Inventar e contar histórias é coisa tão antiga como falar,
uma atividade que deve ter nascido e crescido com a
linguagem (...) Os contos e as histórias foram anteriores às
religiões e também seus rudimentos, as sementes que a
imaginação, o medo e o sonhos da imortalidade desenvolveriam
depois em mitos, teologias, sistemas filosóficos e
arquiteturas intelectuais fabulosas. Assim, junto à vida
verddeira, a do suor, da fome, da rotina, da doença, outra
vida surgiu, feita de palavras e fantasias. Vida que se escutava
ao redor das fogueiras e permanecia na memória, como
um vinho que se podia beber pouco a pouco a fim de
reviver aquela embriaguez que tirava o ser humano do
mundo real e o levava a outro, feito de oásis e aventuras
sem fim, um mundo onde todos os sonhos podiam ser
realizados e no qual homens e mulheres viviam muitas
vidas e vivenciavam a morte.
MARIO VARGAS LLOSA
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