Quando fechamos os olhos e pensamos nos Andes a distância,
a primeira imagem que costuma aflorar á mente é a de uma
paisagem desumanizada, de cordilheirs de picos eretos e
nevados, abismos vertiginosos e vastas solidões ns quais
às vezes plana um solitário condor. Contudo, o que confere
mais dramatismo é a potência esmagadora da paisagem
em contraste com a fragilidade do homem; este invisível
povoador da minúscula aldeia que, ao pé da cordilheira
gigantesca, habita em vivendas quase invisíveis, semelhantes
a flocos de neve caídos do alto. O contraste tem um grande
efeito de plasticidade; e é, também, a demonstração evidente
do indômito espírito que fez com que esse povo fincasse
raízes nos Andes. Viver em certas regiões andinas, apesar
dos avanços da modernidade, continua sendo um combate
cotidiano.
MARIO VARGAS LLOSA
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